segunda-feira, 9 de junho de 2014

Camarões aposta suas fichas na forte marcação e no talento de Eto'o

Apesar da experiência internacional e qualidade de seus atletas, boa campanha dos leões passará provavelmente pelo desempenho do craque ex-Chelsea

Por: Luis Henrique de Sá Perles












República dos Camarões
Presidente: Paul Biya.
População: 20. 549. 221.
Capital: Yaoundé.
IDH:0,460.
PIB:40,10 bilhões.
Moeda: Franco CFA
Principais cidades: Douala (1.338.082 habitantes), Yaoundé (1.299.369) e Garoua (436.899).
Fronteiras: Nigéria (oeste), Chade (nordeste), República Centro Africana (leste), Guiné, Gabão e Congo (ao sul).
Idioma: Francês e Inglês.
Participações em Copas: 7 (1982, 1990, 1994, 1998, 2002, 2010, 2014).

Conheça um pouco da história de Camarões:
O país localizado na área ocidental da África, foi ocupado nos primeiros séculos pelos Bakas (pigmeus africanos) que habitavam a região sul e leste do território. Poucos séculos depois, foi a vez da região norte ser dominada pelos pastores islâmicos do povo Fulani, que expulsou toda população não muçulmana do local, dividindo o país.

Assim como no Brasil, os portugueses por volta de 1500 chegaram ao território, mas não resistiram as doenças locais como a malária, não conseguindo dominá-lo. Algo que ocorreu apenas três séculos depois em 1884, quando alemães conquistaram as terras camaronesas. Após a segunda guerra mundial e a derrota alemã, o país foi dividido entre o Reino Unido e a França.

E esta nova divisão afetou o estado até a década de 60, quando a parte francesa se tornou independente, recebendo o nome de República dos Camarões. Um ano depois a parte inglesa se dividiu e através de um plebiscito, a metade norte se anexou a Nigéria e parte mais ao sul formou um novo país denominado Camarões Ocidentais. Apenas em 1972, o presidente Ahmadou Ahidjo  determinou por meio de nova constituição a união das repúblicas, formando o atual território camaronês.

Como a maior parte dos países africanos, o Camarões tem uma economia frágil baseada na agricultura e na pecuária, necessitando de parcerias com países europeus, como Alemanha, França, Estados Unidos, Bélgica, Espanha, Itália, Luxemburgo e Holanda.

Mesmo nas cidades de maior relevância como a capital Yaoundé é comum encontrar ruas sem asfalto e vários bairros sem tratamento de esgoto. As favelas e lixões a céu aberto também fazem parte das paisagens de diversas cidades, em especial no interior do país.

Cultura
O país é dividido em termos de religião. Metade da população é cristã, e a outra metade se divide entre as crença locais das antigas tribos e o Islamismo. O povo camaronês, aliás, é marcado pela miscigenação de povos e etnias que formam uma cultura toda especial ao país. Sua composição étnica atual é de 31% de população de origem camaronesa, 19 % da tribo Bantos, 11% dos Quirdis, 10% dos Fulanis e 29% de outros grupos étnicos.

O prato nacional dos Camarões é Ndolé, um cozido constituído de folhas amargas e nozes com carne de peixe ou cabra. Os camaroneses, assim como os brasileiros consumem ainda um alto percentual de mandioca, inhame, arroz, banana, batata, milho e feijão que formam o cardápio diário deste povo.

A música também é destaque na cultura local, e o estilo mais famoso e de sucesso por lá é mesmo a Makossa que tem forte influência do Jazz, músicas latinas e highlife. A Makossa se difundiu no país na década de 60 através dos músicos como Manu Dibango[1] e ficou conhecida no mundo inteiro após a última Copa, na África 2010, quando a colombiana Shakira cantou a música tema do mundial utilizando-se do ritmo camaronês.

Futebol Local

O futebol camaronês padece com a baixa estrutura e orçamento de suas equipes. A maioria dos talentos do país saí cedo, antes mesmo de se profissionalizar, para as ligas europeias como a belga, francesa, suíça, alemã dentre outras.

A equipe mais vencedora e conhecida do futebol local, que é o primeiro esporte do país, é o Coton Sports com doze conquistas sendo o atual campeão da liga camaronesa, seguido de perto pelo rival Canon Yaoundé com dez conquistas. O campeonato local é formado por 19 equipes sendo encerrado em agosto e atualmente liderado pelo Unisport da cidade de Bafang.

Dos 28 atletas pré-convocados apenas dois atuam na liga nacional, o goleiro Feudjou e o lateral direito Cedric Djeugoue, ambos do Coton Sports.

Seleção Camaronesa

Lista de convocados:
Goleiros
Guy-Rolland Assembe (Guingamp), Loic Feudjou (Coton Sport), Charles Itandje (Konyaspor), Sammy Ndjock (Fethiyespor).
Defensores
Benoit Assou-Ekotto (Tottenham Hotspur), Henri Bedimo (Olympique Lyon), Gaeten Bong (Olympiakos Piraeus), Aurelien Chedjou (Galatasaray), Cedric Djeugoue (Coton Sport), Jean-Armel Kana Biyik (Stade Rennes), Nicolas Nkoulou (Olympique Marseille), Dany Nounkeu (Besiktas), Allan Nyom (Granada).
Meias
Enoh Eyong (Antalyaspor), Raoul Cedric Loe (Osasuna), Jean Makoun (Stade Rennes), Joel Matip (Schalke 04), Stephane Mbia (Sevilla), Benjamin Moukandjo (Nancy), Landry Nguemo (Girondins Bordeaux), Edgar Salli (Racing Lens), Alexandre Song (Barcelona).
Atacantes
Vincent Aboubakar (Lorient), Eric-Maxim Choupo Moting (Mainz), Samuel Eto'o (Chelsea), Mohamadou Idrissou (Kaiserslautern), Fabrice Olinga (Malaga), Achille Webo (Fenerbahce).

Pode-se dizer que o maior problema encontrado pela seleção camaronesa nos últimos anos tem sido a falta de organização e união de sua federação de futebol com os atletas. Ao ponto que nos últimos dias uma greve foi ameaçada pelos jogadores devido ao não pagamento da premiação pela qualificação à Copa 2014.

A vaga, aliás, veio depois de uma primeira fase onde a equipe camaronesa superou as seleções de Togo, Congo e Líbia. Se classificando a fase final das eliminatórias, onde venceu a Tunísia na cidade de Yaoundé por 4 a 1, vitória que garantiu os Leões no Brasil 2014, após um primeiro jogo com placar em 0 a 0 na capital tunisiana, Tunis.

Ainda em termos de relacionamento comenta-se que o treinador alemão Volker Finke, não conta com o apoio da maior parte do elenco, além disso os jogadores teriam certos ciúmes da badalação feito sobre o craque Samuel Eto'o.

A maior estrela camaronesa chega ao 32 anos mais lento, porém com o mesmo faro de gol e habilidade que podem fazer a diferença para o time camaronês. Além de Eto'o outros destaques individuais da equipe são Chupo Moting atacante do Mainz 05 da Alemanha e os volantes Enoh Eyong do Antalayspor da Turquia, Alexander Song ex-Arsenal e atualmente no Barcelona, além de Mbia do Sevilla da Espanha.

O estilo de jogo da equipe africana (joga no esquema 4-1-4-1) é baseado na forte marcação com sua primeira linha de defesa, um volante (Enoh) e mais quatro homens de meio que colaboram com a marcação. O jogador com maior liberdade é mesmo Samuel Eto'o, que ainda assim por vezes troca de função com Moting, saindo como um meia esquerda ou direita.

A vitória sobre Macedônia e o empate contra a Alemanha mostraram a força deste esquema. O problema é grande inconstância do time que por vezes comete erros primários em especial em seu sistema defensivo. O lado esquerdo da defesa com Ekoto e Matip é o ponto fraco da equipe de Volker Finke, que tem como opção para melhorar o setor o lateral/zagueiro Bedimo do Lyon da França.

O técnico pode também mudar a formação, escalando Webo ou Aboubacar como centroavantes recuando Eto’o para o lado direito ou meia de ligação, formando em determinados situações, em especial diante de adversários mais frágeis, um 4-2-3-1 com Eto’o, Moting e Moukandjo (ou N’Guemo) com Aboubacar ou Webo na frente.

"As seleções africanas, quando surgiram no cenário mundial, deram a impressão que seguiriam um caminho. Mas não houve a evolução que eu esperava. É uma seleção fisicamente muito forte, mas tem um momento em que o jogo bruto se sobrepõe ao jogo técnico. Tem o Eto'o, um atacante excepcional, mas o técnico é um alemão. Não sei se os europeus conseguem entender que o jogo africano precisa ser um pouco mais leve", comenta o jornalista do Sportv, Paulo Cesar Vasconcellos.
Futebol camaronês chega a sua sétima Copa cercado de divergências entre jogadores e autoridades do futebol local (Foto:http://futebolportugal.clix.pt)

Time base: Itandje, Djeugoue, N´Koulou, Matip, Bedimo (Ekoto), Enoh, Mbia, Song, Moukandjo, Moting, Eto'o.
Téc: Volker Finke.





[1]Manu Dibango (1933-) é um dos músicos mais conhecidos do Camarões, sendo responsável pela divulgação do estilo Makossa, o mais famoso do seu país. Sua música de maior sucesso foi Soul Makossa que teve partes de sua letra incorporada, sem autorização de Dibango, por Michael Jackson em "Wanna Be Startin' Somethin" e Rihanna em "Don't Stop the Music", ambos os artistas foram processados pelo cantor e saxofonista camaronês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário